sexta-feira, novembro 21, 2014

Lately I...


Eu perdi o jeito, a bossa de escrever desde que você decidiu sair pela porta e não voltar mais.
Parece que enquanto eu te via fazer a mala, entre uma roupa e outra você foi ali levando minhas palavras, por debaixo dos panos.
O portal me servia de suporte, para o meu corpo não despencar no chão. E eu inerte, parada, estática fiquei.
As palavras me faltaram a boca para implorar-lhe para ficar e ações me faltaram aos músculos para impedir que você irrompesse pela porta.
E quando você me deu uma última olhada por cima do ombro antes de fechar a porta, ali, minha alma saiu do corpo e nunca mais voltou.
As cadeiras da casa estão sempre vazias, a cama sempre gelada e o lixo sempre para ser posto pra fora e eu sempre vagando entre os móveis.
Só quero que você saiba que levou tudo o que eu tinha de melhor, tudo aquilo que você me ajudou a construir pedacinho por pedacinho se foi e não restou nada. Absolutamente nada.
Quando sento naquela escrivaninha perto da janela da sala, pego o lápis para ver se consigo tirar esse sentimento preso de dentro de mim, acabo sempre por deixar minhas palavras escaparem pelos olhos.
Só assim, consigo sentir você um pouco mais perto de mim, nem que seja necessário reabrir minhas feridas já cicatrizadas e inflama-las de novo.
Eu não me reconheço mais. Me olho no espelho todos os dias e não vejo refletido nele o que eu via a 4 meses atrás. Não consigo achar aquela menina com o brilho nos olhos que você tanto gostava. No lugar dela só tem uma garota pálida, de olhos marejados e roupas cinzas que caminha sem direção em volta do parque da cidade.
Eu me perdi. Não sei se tem mais volta, meu bem, pois duvido que até você possa me devolver o colorido da vida. Me fui não sei para onde e também não sei voltar, pois eu perdi única pessoa que acreditava em mim:
Você!

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