quinta-feira, julho 24, 2014

Percalços da Vida



Toda perda é feita de fases.

Quando perdi um grande amor, por exemplo, foi triste. Muito. Pelo menos no meu caso, foi.
Quando digo que ela é feita de fases é porque cada dia sentimos algo diferente.

Fase I - Inércia
Primeiramente, eu fiquei em estado de choque. Achei que fosse chorar muito, mas na verdade só não consegui acreditar, então não sofri. Fiz tudo o que faço normalmente e, inclusive, dei mais risadas do que de costume (E olha que sou bem risonha! Quem me conhece,sabe...)

Fase II - Tristeza
Quando chegou a noite, aí que a ficha caiu.
Eu chorei muito. (Quando digo muito, digo MUITO mesmo). Fiquei naquela Bad de “pé na bunda”, não queria nem escutar ninguém me falar nada. Eu só queria sentir a minha dor. Sim, eu queria senti-la mesmo, sem ter ninguém pra me dizer que eu ia ficar bem, porque eu não queria ficar bem.
Coloquei aquelas músicas bem tristes e fiquei chorando as pitangas da vida pelos cantos por onde ia e TUDO me lembrava ele.
Meu Deus, que saco!!!

Passava o ônibus que ele pegava, passava alguém com o perfume dele, passava alguém que se parecia com ele e tudo mais. Aquilo me destruía mas, por incrível que pareça, quando eu chorava me sentia melhor. Parece que se eu não estivesse chorando eu criava uma bolha de ar que comprimia meu pulmão e minha cabeça e eu definitivamente não me sentia bem.

Fase III - Morta-Viva
Até que passei a ficar como se estivesse anestesiada. (E por sinal quase fui atropelada nesse dia! Que ele não saiba disso porque senão briga comigo muito sério.) Eu parecia um zumbi ou alguém de outro planeta, sei lá. Nada me incomodava, pois eu não estava nem aí para ninguém. A minha sorte é que eu já tinha decorado todo o caminho do curso, senão já teria passado do ponto e ido parar lá no Aeroporto do Galeão. Eu me sentia sem força, meio presa, sabe? Naquele dia não chorei, mas também não sorri. Eu só não esboçava nenhuma reação e isso foi confundido com sono, e eu (CLARO), me aproveitei da situação para não te que ficar explicando o que tinha acontecido.

Fase IV - Raiva

Já no dia seguinte, dei a louca. Tratei de arrumar uma caixa e coloquei tudo o que ele tinha me dado dentro dela. Todos os presentes, todas as cartinhas, desenhos, fotos, TUDO.  Me sentia determinada a fazer isso, não queria nada que me lembrasse dele.
Aí comecei a sentir vontade de matar todos os homens da face da terra, só deixando as crianças porque elas ainda não tinham maldade (ainda) e nem os velhinhos, pois creio que a vida já foi bem dura com eles, então não valeria a pena. Queria botar uma bomba no mundo explodir tudo! (Como sempre muito exagerada kkk)

OBS: O fragmento abaixo possui conteúdo religioso.

Fase V - Consciência
Naquela mesma noite, ao me deitar pedi a Deus que tirasse toda aquela raiva do meu coração. Aquilo só estaria atingindo e afligindo uma única pessoa: Eu mesma! E eu queria me tornar aquela pessoa rabugenta que estava sendo? Não. Então antes que criasse raiz, cortei.

Fase VI - Reconhecimento e Cabeça Erguida.
No dia seguinte acordei melhor, e ainda fui para um lugar lindo que me deixou com o humor lá em cima. Me senti útil de novo, vi pessoas novas, fiquei com vontade de viver e tirei todas aquelas músicas depressivas do meu celular. Voltei a minha rotina habitual e admito que me senti muito melhor!

O dia estava lindo, o sol esquentou a minha pele e o vento soprou meu cabelo. Eu gostava disso, me sentia livre, me sentia feliz. Fui onde todo nosso amor começou e (por incrível que pareça) onde ele também terminou. Sentei naquele banco e não senti mais nada, nem vontade de chorar, nem nada.

O ônibus dele não parou de passar e nem aquele cara com o mesmo perfume.
Quem mudou fui eu.


A dor precisa ser sentida! Isso eu aprendi no livro A Culpa É Das Estrelas. ( Se você achar modinha, problema seu ú.ú )
Se você não tirar um tempo para senti-la, ela vai explodir dentro de você. Se dê um tempo para ficar triste, até porque ninguém é de ferro e isso não vai te fazer mal, pelo contrário, vai te ajudar e muito de uma forma que você não tem ideia.

Talvez eu tenha uma recaída? Talvez sim, mas já aprendi que se não deu certo hoje amanhã com certeza vai dar. O que falta em nós é paciência para esperar o que é realmente nosso!

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