sábado, fevereiro 28, 2015

O que você realmente merece?


Tudo começou por causa de uma foto mas o verdadeiro motivo não foi só a foto e é sobre isso que será o texto de hoje.

Muito tempo se passou e eu continuei sofrendo por você ter decidido se mandar. Mas quando eu digo se mandar, eu digo desaparecer mesmo, feito fumaça no céu: em um minuto está ali e no minuto seguinte - puf - sumiu. Se não fossem as fotos, eu poderia jurar que era tudo uma grande ilusão da minha cabeça e me internar no manicômio mais próximo da minha casa.

É claro que não doía na mesma intensidade de antes, até porque o tempo leva um pouco as coisas mas não traz amnésia.
Não vou ser hipócrita também em dizer que tentava não te esquecer. As lembranças vinham em minha cabeça e ao invés de afugentá-las, como era de se esperar, não, ficava lá, feito uma masoquista insana curtindo a dor que ela me causava.
Isso me prendeu por muito tempo, 1 ano para ser mais exata. Agora, uma pergunta bem simples: você sabe quanto tempo tem um ano?
Claro que sabe, mas com certeza esse mesmo ano para você e para mim não possui o mesmo significado, isso eu posso te assegurar.

Um certo dia eu cansei dessa palhaçada toda disse: "Vou parar de procurar por ele!"
E parei mesmo. Foi um boom. Parei de checar suas redes sociais e a dos seus amigos pra ver se você aparecia, exclui todas as mensagens que trocamos (sim, eu ainda as guardava), maloquei bem no fundo do armário os presentes e guardei as fotos em uma pasta escondida, mas me responda, do que adianta eu te esconder da minha visão se toda hora você perturbava minha mente de um jeito diferente e agoniante?
E mesmo fazendo tudo isso eu ainda sofria.
Lá no fundo do meu coração eu já sabia, era tudo fogo de palha, então resolvi aceitar. Eu não servia nem pra te esquecer.

Eu vivia minha vida normalmente mas você sempre estava lá me fazendo me sentir mal e triste. Talvez seja porque fui eu quem levou o pé na bunda, sendo bem franca. Se fosse o contrário, como é com você, duvido que isso te magoasse tanto quanto me magoou.

Eu me sentia cansada de tudo. Das pessoas, dos meus afazeres, da vida. Eu andava pelos cantos com uma nuvem negra que sempre chovia em mim. E isso refletia no que as pessoas viam: uma pessoa cinza o tempo todo. Nada tinha sentido. Eu era uma pessoa vivendo no automático. Rindo, conversando, andando, vivendo em modo Auto. Conforme as coisas foram mudando e o tempo passando eu me esforçava ainda mais pra deixar isso pra lá mas não conseguia me entregar por inteiro. Sempre que eu estava quase lá eu desistia.

Até que eu vi uma foto que me irritou bastante e me fez agir como uma louca. Você estava tranquilo e feliz e eu exatamente o contrário disso.
Eu pirei. Senti uma raiva incontrolável explodir dentro de mim e fiquei cega de ódio. Quase quebrei minha casa toda. A sala ficou irreconhecível. Se alguém chegasse naquele exato momento poderia achar que o cage* do MMA teria se instalado bem no meio da minha sala.
Depois desse surto psicótico eu caí em um canto e comecei a chorar.

O que era aquilo? Por que eu havia reagido daquela forma e me sentindo assim? O que eu estava fazendo comigo?

Você me fez sentir como se eu fosse a louca da história e que por minha causa tudo tinha fracassado entre nós. Era tudo minha culpa. Só minha.
Eu pensava isso todos os dias e o pior, me arrependia, me culpava e me flagelava. Minha mente insistia em me lembrar tudo o que passei com você e como eu éramos felizes. Eu afirmava para mim mesma que eu te conhecia de todo e que você jamais faria nada para me machucar. Você era diferente! Eu precisava me convencer disso todos os dias.

Eu havia desistido de viver o "eu" para viver o "nós" e quando você se foi eu vivi o que? O vazio.
Era nisso que você havia me transformado, em nada. Em nada pra mim, em nada para os outros.
Mas eu não poderia admitir isso de novo. Não.
Quem era você para me fazer sentir desse jeito e quem era eu para deixar isso acontecer?
Eu poderia chamar de amor alguém que me faz perder minha sanidade mental e me fazer escolher entre minha vida e a sua?

Não. Nunca.

Até que eu gritei em prantos: "Eu não mereço isso!"

Foi aí que eu comecei a pensar. Eu me encontrava destruída por uma coisa tão pequena, por alguém tão pequeno, por algo completamente estúpido. Eu não mereço alguém que não esteja disposto a abrir mão da própria individualidade em prol de sustentar um relacionamento que seja bom para os dois. O problema sempre era comigo. A minha família, a minha vida, a minha religião, o meu jeito, era isso que te irritava.
Ao invés de procurar um jeito de nos ajudar você simplesmente disse que cada um viva com seus próprios problemas e siga seu caminho. Você não estava nem um pouco se importando comigo ou se eu precisava de ajuda e eu demorei bastante tempo pra descobrir o que você realmente queria.
Eu não mereço alguém que me faça duvidar se eu fiz a escolha certa, se vai valer realmente a pena todo o sacrifício que eu fiz sabendo que existe uma grande possibilidade de obter o não como primeira resposta.
Eu mereço muito mais do que alguém que não precise de mim. Eu não mereço o "bom" nem muito menos o "bom o suficiente".  Eu não mereço continuar com alguém que me acha um erro.
Eu mereço mais, muito mais.

Eu me mereço!

Mereço a minha risada, a minha vida, a minha felicidade antes da felicidade de todo mundo. Não tem nada que pague quando eu me deito no travesseiro e durmo tranquila sem precisar me preocupar com meus olhos inchados pela manhã por ter chorado na noite interior.
Eu não mereço toda dor que você despertou em mim.
Agora sim eu havia tomado a decisão certa e dessa vez eu não tinha dúvida.
Isso me impulsionou a ser quem eu queria a tempos e, com certeza, você não é o tipo de cara que eu mereço. Não mais.

*Cage - Como é chamado o ringue no MMA.


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