quarta-feira, abril 22, 2015

Nem tudo são escolhas


Me perguntaram hoje à noite se estava tudo bem... Eu disse que sim, é claro. Mas, é claro também, que nada estava bem, e o pior: Eu não sabia o porque.
Estava com raiva de todos, desde a mosquito que pousou na mesa ao lado até o casal cochichando algo atrás de mim. Eu queria colocar a culpa em alguma doença qualquer ou sei lá, numa indisposição do dia mas não, nada soava convincente o suficiente. Simulei até uns espirros e tosses...
A justificativa seria a chuva que peguei no final de semana, porém essa desculpa seria tão estúpida quanto eu em dá-la. Então eu fui pra casa. Lá, com certeza, eu me sentiria melhor. Depois de um banho, uma roupa confortável e torradas, eu daria um up.

Como todos nós sabemos, planos são apenas planos e, às vezes, eles não saem como esperamos. Após todo esse ritual, estava eu, sentada na poltrona da sala à meia luz, quieta.

Abaixei a cabeça, fechei os olhos, apertei as têmporas e depois de relutar muito, admiti: Eu estava assim porque ainda sentia sua falta. E, sim, era um saco reconhecer isso.
Era por isso que meu humor oscilava em níveis absurdos durante o dia. Cheguei a pensar que tinha me acometido um transtorno bipolar, depressão ou sei lá...

Eu não conseguia entender o porque que, por mais que eu repetisse a mim mesma em forma de mantra todos os dias, que você não gostava mais de mim, não adiantava. Você ficava lá, bem quietinho, esperando uma brecha, uma resvalada minha e pronto, estragava os dias que eu me esforcei para te manter longe dos meus pensamentos. Se bobear você já estaria bem longe com sua nova família morando nos Alpes andinos e eu aqui, lamentando por não poder te ligar num dia chuvoso como hoje e passar horas no telefone te contando como meu dia está um saco.

Caminhei até a varanda e olhando a rua, pensei no que estaria ainda me prendendo a você.

Já não olhava suas redes sociais há meses, também não nos falávamos por nenhum outro meio comunicativo, há tempos não encontrava seus amigos nem sequer tinha noticias suas.

Então qual era a merda do motivo? 

A merda dos motivos eram as lembranças das coisas simples que vivemos, a minha insegurança de não achar alguém legal, de ficar sozinha pra sempre, de ter pressa e acabar me envolvendo com alguém e que me arrependesse depois, de me entregar de novo e levar outro tombo na escada da vida, etc.

O que mais me atordoava era me questionar se eu passava pela sua cabeça assim como você passava pela minha. Um ditado diz que quem sente falta, procura. A início eu achava correto e até assinava em baixo, mas depois, parava e pensava que, minha nossa, como eu sentia sua falta e nem por isso eu te procurava e com certeza não o faria. A maldita da esperança me soprava na mente, dizendo que do mesmo jeito que eu estou agindo, você poderia também estar e lá se iam as minhas forças, escorrendo pelo ralo do chuveiro junto com as minhas lágrimas.

Amigos vinham sempre com o mesmo clichê: Que eu ia achar alguém melhor, que não era isso que eu merecia, que você era muito imaturo e bla bla, mas eu não aceitava palavras consoladoras de ninguém, pois não era isso do que eu precisava. 
Eu precisava era, por mim mesma, reconhecer de que tudo não passava de perda de tempo e que eu necessitava sair desse ciclo vicioso o mais rápido possível antes que você aparecesse com uma namorada nova e acabasse de vez com a minha vida.

Voltei para a sala e sentei-me no sofá. Será que nada disso ia passar? Quase 1 ano se passou e só pioraram as coisas. Mas que bosta, o amor, hein...

Liguei a televisão e passava um seriado que eu nunca havia visto.

Uma amiga estava deitada no colo da outra e enquanto acariciava seus cabelos disse:
" Não seja tola, menina!
O amor não é nada disso... "

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